O homem, como ser inserido numa sociedade e com a qual se
relaciona, parece que tem a obrigação de concordar com determinados movimentos
ou formas de pensar, que se renovam de épocas em épocas, para se sentir parte integrante
dessa sociedade. Sem ao menos saber com
profundidade do que fala, ele simplesmente concorda e acredita que atua como pensa
que a maioria das pessoas espera que ele faça. Lembro-me, há pouco tempo,
dentro do mundo corporativo, da utilização desenfreada do termo “candidato
pró-ativo” ou “funcionário pró-ativo”. Podíamos perguntar a qualquer um: “o que
é ser pró-ativo?” A resposta: o silêncio ou uma série de explicações que, na
verdade, não explicavam absolutamente nada. Felizmente, esse “jargão” deixou de
ser tão utilizado como antes. A mesma coisa acontece nas escolas, quando se
procura a melhor pedagogia para ensinar nossos filhos. A grande maioria das
escolas se diz possuidora de uma “pedagogia construtivista” e o que vemos se
repete: ao serem perguntados sobre o que é ser uma escola construtivista, a
única coisa que temos, em contrapartida à pergunta é um olhar perplexo e
desapontado por não saber dar uma resposta que convença e que faça os pais se
sentirem acolhidos, por mais simples que ela seja.
Quando falamos de meio-ambiente, de preservação, de respeito
à fauna e flora, a conversa é mais profunda ainda, mais comprometedora, pois é
de todo este contexto que depende o futuro do planeta e, consequentemente, de
qualquer forma de vida nele existente, incluindo nós mesmos, é claro. Digo
comprometedora, pois deve existir o compromisso com a mudança, o compromisso de
alcançarmos a excelência em convivência pacífica e de respeito com tudo e todos
que nos rodeiam. E isso não é fácil. Para que cada um de nós possa se dizer
defensor, de fato, de idéias que lutam
pela preservação do meio ambiente, é necessário que estas idéias façam parte de
nossos valores, que elas tenham nascido e crescido em nós desde pequenos.
Aqueles ensinamentos que nossos pais nos dão, quando somos crianças, de, por
exemplo, não pisar numa formiguinha que esteja passando perto de nós, de
respeitar todo e qualquer animalzinho, de tratar com o mesmo respeito e cuidado
cada plantinha que cresce em nossa casa, de não arrancar suas flores, mesmo que
para enfeitar, de economizar água quando escovamos os dentes, fechando a
torneira durante a escovação, de não tomar banhos demorados, etc., e com
relação aos semelhantes, de ter o costume de dar bom dia, de dizer obrigada, de
tratar a todos com a devida educação e respeito. De nada adianta aprender tudo
isso de repente, só porque é bonito e está na moda. Se nenhum desses valores não
fizer parte do nosso dia-a-dia desde sempre, se não estiverem enraizados dentro
de nós mesmos como parte de nossas vidas, qualquer atitude no futuro não será suficientemente
verdadeira e cada um terá que esforçar para não esquecer. O segredo é que cada
atitude flua naturalmente, como se não houvesse como ser de outra forma.
Cada indivíduo precisa ter essas experiências em sua vida
desde bebê, pois é desde esse momento que ele já absorve os ensinamentos que o
mundo lhe traz. Já desde bebê, ele aprende o verdadeiro valor que cada ser vivo
tem e, aos poucos, esse aprendizado vai se alastrando por todas as esferas
possíveis de forma verdadeira, de forma natural. Os valores que são aprendidos
e apreendidos depois de passado o tempo, podem ajudar, mas não atuam de forma
impactante no indivíduo, já que ele não teve exemplos nem referências nas quais
se basear. É como se fosse um valor vazio.
A esperança é que, ao contrário do que tem feito a grande
maioria dos gestores até hoje, os pais do futuro presenteiem seus filhos com
exemplos verdadeiros e sinceros de amor ao próximo e à Natureza. Exemplos
bonitos e tão simples que, com certeza e sem eles perceberem, preencherão suas
vidas de valores bem estruturados e firmes, de alegria, de respeito e de uma
boa convivência.
Sim, porque até hoje,
depois de tantas centenas de anos, pouquíssimo foi feito nesse sentido. Cabe a
nós tomarmos em nosso pulso a responsabilidade de formarmos gerações mais
conscientes e mais verdadeiramente ativas, pois, acreditem, somente elas
poderão fazer a diferença.
Uma ótima semana a todos!
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