quarta-feira, 6 de março de 2013

Será mesmo que quanto mais cedo, melhor?

Estive lendo uma reportagem muito interessante na revista Carta Capital, que, ao mesmo tempo que me surpreendeu pela riqueza de informações, me causou certo incômodo. Refiro-me a uma reportagem que fala dos estudos realizados com relação aos efeitos do aprendizado precoce.
As opiniões ainda são diversas e contraditórias com relação a este assunto, pois, ao mesmo tempo que se coloca o maior desenvolvimento da capacidade cerebral entre o nascimento de um bebê até seus cinco anos de idade, existem os que dizem que a pressão inicial em demasia pode condicionar as crianças a um fracasso posterior.
Muitos paises europeus e a Coréia do Sul, por exemplo, irão investir cada vez mais, neste ano, na educação precoce para crianças de 3 e 4 anos de idade, pois acreditam que, futuramente, estas crianças terão maior sucesso em qualquer âmbito de suas vidas.
Na mesma reportagem salienta-se o fato de que não existe uma relação comprovada entre o tempo que uma criança permanece numa pré-escola e suas realizações posteriores.
Como em todas as publicações neste blog, a intenção que existe aqui é a de colocar temas diversos e sua consequente reflexão, hoje faço exatamente o mesmo.
Claro que já foi comprovado cientificamente, através de estudos durante anos, que o cérebro se desenvolve em sua maior intensidade até, aproximadamente, os cinco anos de idade. Mas também se sabe que o indivíduo nasce, cresce e se desenvolve de acordo com etapas, que precisam ser respeitadas. A forma como é absorvida uma informação e como se reaje a ela é completamente diferente numa criança de cinco anos e numa de oito, por exemplo, mesmo que neste exemplo estejamos saindo da faixa etária colocada acima. A forma como professores devem lidar com estas duas faixas etárias precisa ser completamente diferente, pois eles "pensam" de forma diferente.
Uma criança, até os cinco anos de idade absorve informações de acordo com sua capacidade mental, mas não está apreendendo esta informação. Ela não compreende, ao certo, o que está sendo ensinado a ela, pois seu cérebro ainda não funciona dessa forma. Então, esta criança precisará ser "treinada" para responder a este aprendizado da forma que se espera que ela faça. Ou seja, desta forma, são "atropeladas" etapas importantes pelas quais a criança precisa passar naturalmente.
Assim está escrito na reportagem " 'Treinar crianças' nos primeiros anos não leva automaticamente a ganhos de aprendizado". A criança não está aprendendo nem apreendendo informações de forma construtiva. Ela está repetindo padrões tidos como positivos para seu desenvolvimento futuro.
Asim, cabe a nós, educadores como pais, como professores e como profissionais em diversas áreas, refletirmos até que ponto este investimento no "aprendizado" precoce pode ser benéfico para estas crianças.
Se o que se quer é formar seres humanos íntegros, para que tenham pleno sucesso em seu futuro, em todos os âmbitos de suas vidas, precisamos olhar para este processo como um todo, como algo muito amplo, que começa quando este bebê nasce e vai por muitos anos depois, não somente até os cinco.  Precisamos avaliar em que mundo esta criança vive, cercada de que valores e ir formando estes seres aos poucos, respeitando o tempo de desenvolvimento de cada um. Podemos sim, ajudá-los com valores positivos, se soubermos respeitá-los e ajudá-los a que, eles próprios construam suas próprias noções para aspirações maiores em suas vidas.
Um abraço a todos!





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