Depois de praticamente duas décadas e meia de utilização das sacolas plásticas como embalagem nos pontos comerciais, a população paulista vê-se, repentinamente, tendo que procurar uma solução para a proibição desta mesma utilização (o uso das sacolas plásticas iniciou-se na década de 80, em substituição às sacolas de papel).
Se formos ver esta medida de uma forma superficial e imediatista, podemos dizer: sim, está certo! Precisamos fazer mais pelo planeta, pelo meio ambiente, pela sustentabilidade, mesmo que somente uma pequena parcela da população realmente compreenda os prejuízos do plástico, se utilizado de forma errada.
A questão é que não podemos entender esta questão de uma forma tão simples assim. Além da questão da sustentabilidade e de realmente nos preocuparmos em termos atitudes conscientes para ajudar o meio ambiente, precisamos e não podemos deixar de pensar neste tema de uma forma mais profunda.
Sim, pois ele atinge outros "interesses" que não somente a sustentabilidade. E, no final, perceberemos que ela será a que menos interessa para aqueles que a criaram.
A proibição da utilização das sacolas plásticas foi "idealizada" pela Associação Paulista de Supermercados (APAS) e tem o apoio do Governo do Estado de São Paulo. A lei será fiscalizada pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), através de suas Secretarias Municipais do Verde e Meio Ambiente.
Não podemos pensar num repentino sentimento samaritano de proteção ao planeta, por parte da APAS. Claro que não! Existem interesses financeiros, de lucro por detrás desta medida. Os supermercados não perdem nada na distribuição gratuita das sacolinhas, pois "embutem" o que pagam por elas nas mercadorias. Quem não faz isso? As sacolas ditas biodegradáveis, alternativa para este momento e que eles mesmos vendem, oferecem um lucro enorme, pois são vendidas a um preço muito maior do que o que eles realmente pagam. E a proibição das sacolas obriga o consumidor a retomar a compra dos sacos de lixo plásticos, numa quantidade maior, já que a alternativa que utilizavam para armazenar o lixo não existirá mais.
O Governo do Estado de São Paulo também se beneficia de alguma forma com esta nova medida. Quem sabe não seja interessante saber quem são os que estão à frente da APAS e que ligação têm com o Governo do Estado.
O que é necessário pensar é que, para uma medida tão radical, mesmo que necessária, precisam ser dadas alternativas. As pessoas precisam ser educadas a lidar melhor com seu "lixo", precisam aprender a preservar, a cuidar, precisam conhecer alternativas, como fazer, precisam aprender a reciclar. O brasileiro não tem essa consciência, pois nunca lhe foi ensinado a cuidar de si próprio, nem de seu país, quanto mais do planeta. Para tirar esta forma de armazenar o lixo e de reutilização das sacolas plásticas para outros fins, precisa ser mostrado um outro caminho que seja mais promissor e inteligente.
Quem formulou esta lei, precisa pensar que a maioria das pessoas não tem uma forma confortável de carregar suas compras quando volta para casa, pois utiliza um ônibus ou metrô ou trem ou vai a pé. Para quem tem carro, a solução é sempre mais fácil. Mas para todos os outros, como farão? Irão carregar as compras em caixas de papelão, dentro de um ônibus cheio??
Bem, deixo aqui o espaço para reflexão, dizendo somente o seguinte: as sacolas plásticas precisam deixar de existir sim, mas, para que isso aconteça de forma correta e consciente, devem ser dadas alternativas à população que, por sua vez, deve ser devidamente instruída.
Isto exige tempo e trabalho e é claro que o planeta não os tem mais. Tempo e trabalho que deveria ter sido pensado há muito tempo e não agora, desta forma irresponsável e que pode trazer consequências ainda piores.
Um abraço a todos!
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